Ares de mudança sopram na Europa

O centrismo europeu – ora pendendo à esquerda, ora pendendo à direita, mas sempre um pouco débil e insosso – começa a ceder. Voltam à cena os patriotismos e seu ideal de uma Europa de Nações.

Não se trata de um confinamento xenofóbico e protecionista, pelo contrário; as ideias de liberdade econômica prosperam em igual medida. Há um entendimento de que as decisões tomadas em Bruxelas (como aquelas tomadas em Brasília, para nós) estão desconectadas dos anseios dos diferentes povos europeus.

O racha é entre uma elite progressista bem intencionada, mas, talvez ingênua, e as populações que sofrem no cotidiano as consequências das decisões da Comissão. Sente-se o peso dos excessos regulatórios na economia, na política energética, sanitária e em especial sobre a agricultura, tornando a competição a nível internacional cada vez mais difícil.

Vê-se, sobretudo nas capitais, a quantidade imensa de imigrantes de culturas profundamente diferentes – e frequentemente irreconciliáveis – e o cortejo de problemas sociais e econômicos que os acompanham.

Ouve-se, por parte dos dirigentes, um discurso derrotista e que vê a grandeza europeia como uma relíquia do passado. Caberia a Europa, agora, apequenar-se e aceitar seu destino. É a auto-estima, essa necessidade básica do Homem, que causará o provável avanço das forças de direita nas eleições europeias deste ano, com uma especial subida dos partidos nacionais-conservadores.

Mas estes partidos nacionais-conservadores, não seriam eles herdeiros da tradição nazi-fascista europeia? Não estão eles destinados a arruinar o continente, uma vez no poder?

Esse é o discurso da mídia global, reproduzido nos jornalões do Brasil. A primeira surpresa ao chegar aqui, agora a serviço de um destes partidos no Parlamento de Luxemburgo, é a distância entre o relato e o fato.

O primeiro elemento que se nota na direita europeia, mesmo aquela retratada pela mídia como extrema, é a qualidade humana e a compreensão de que política se faz com convergência.

O movimento é popular, mas a conexão com as pessoas se faz nas ruas, não na distopia virtual das redes sociais.

O conservadorismo e o liberalismo que defendem é o verdadeiro e factível, não é utópico ou midiático ; é aquele que visa conservar a ordem social, não subvertê-la. O Estado tem que ser menor, mas precisa ser forte. Somente quando as pessoas podem sair à rua, sem medo, que o Mercado pode funcionar de fato. A lei e a ordem são a base da livre-concorrência, e é na livre-concorrência que a soma das vontades individuais se aglutinam no bem maior.

Quando se opõem a decisões da União Europeia, não estão se opondo à cooperação entre as nações, mas sim às medidas anti-econômicas que atravancam o mercado, e a outras medidas que dilapidam a coesão social e a segurança.

São nacionalistas porque querem preservar as mais fundamentais das diversidades; a diversidade de povos, de línguas e de culturas, contra o caldo cultural homogeneizado, amorfo e incolor.

O Homem, antes de mais nada, precisa de uma raiz e, ao defender a Nação, defendem o afincamento do Homem na sua própria história.

A maioria dos jornais acusam os conservadores europeus de radicalismo. Eu concordo, mas não pelas mesmas razões de seus críticos. Etimologicamente, ‘radical’ é aquilo que é – “relativo ou pertencente à raiz ou à origem; original”. São radicais porque defendem a volta ao senso comum que por mais de mil anos construiu o esplendor da Europa. E que, creio eu, poderá voltar a promover o desenvolvimento, o bem-estar e a grandeza.

Em meio à iminência das eleições do Parlamento Europeu, surge uma reflexão sobre o cenário político atual e os rumos que a Europa precisa tomar para enfrentar seus desafios. A predominância da esquerda progressista, que por anos tem influenciado as decisões políticas europeias, hoje é vista com um olhar mais crítico.

Seja por irresponsabilidade ou ingenuidade, as políticas adotadas nas últimas décadas têm gerado uma série de problemas sociais e econômicos, como a desindustrialização e uma imigração quase insustentável.

Existe agora um consenso crescente de que a Europa precisa repensar suas políticas e abordagens para manter sua competitividade e promover a geração de emprego e renda. É fundamental encontrar um equilíbrio entre a cooperação internacional e a preservação da identidade nacional, entre a busca por uma sociedade inclusiva e a garantia da segurança e estabilidade internas.

À medida que os cidadãos europeus se preparam para ir às urnas, é hora de procurar por um parlamento europeu que esteja disposto a enfrentar os desafios com pragmatismo e visão de longo prazo.

Sylvio Zimmermann (PSDB) foi vereador e secretário municipal em Blumenau. É pré-candidato a vereador e está em Luxemburgo como assessor parlamentar para o bloco parlamentar da ADR – Partido Reformista de Alternativa Democrática.